domingo, 8 de junho de 2014

Conto infantil-imaginação e saudade!



                                                                    Sherazade
                                    

                                               Kenny                                                                                                                                                                                                           CONTO                             

                 O CÃO KENNY E A GATA SHERAZADE


 Olá!
 Eu sou o Kenny.
Um cão branquinho, tenho 7 anos, pelo encaracolado, raça caniche, peso uns 8 kg e sou muito feliz!
 Tenho por companheira uma gata de raça persa, lindíssima, chamada Sherazade.
Quando eu conheci a Sherazade fiquei horrorizado e pensei cá para comigo: hum!...é uma gata mimada, prepotente e vai querer mandar em mim! Estou bem arranjado...

         OS PRIMEIROS DIAS EM CASA DOS MEUS DONOS

Era eu muito pequenino, apenas com alguns dias, quando me separaram da minha mãe e dos meus quatro irmãos porque vivíamos com uma família com poucos recursos económicos e, por isso, não nos podiam sustentar a todos.
Claro que chorei todo o caminho até chegar à casa dos meus futuros donos.
Estes foram simpáticos e carinhosos: pegaram-me ao colo, fizeram-me festinhas, muitos miminhos, mas passado pouco tempo, meteram-me dentro de uma banheira e toca de me darem um banho!...( coisas de humanos que nós, os canídeos, detestamos…).
É evidente que chorei, esperneei e, à minha maneira, disse muitos palavrões mas não valeu de nada!
Mas o pior ainda estava para vir: foi quando me apresentaram aquela que iria ser a minha companheira- a tal gata que naquele primeiro momento eu achei que era grannnnnnnde, gorda e má.
Uma gata e um cão juntos sempre foi considerado uma aberração e eu tremia por todos os lados!
Ela também não pareceu contente porque se pôs toda empantufada, a arremeter para mim e a fazer “fefefefe” como quem diz:
- Eu sou a rainha deste palácio e, por isso, quem vai mandar aqui sou eu porque já cá estava antes de ti!
Os primeiros dias não foram nada fáceis: eram muitas as saudades da minha mãe e dos meus  irmãos e sempre assustado com medo de tudo e de todos (especialmente da Sherazade) que me perseguia por toda a casa, sempre com o nariz empinado e a rosnar com ar agressivo:
- Porta-te bem ou eu ponho-te na ordem!
Mas fui-me habituando a tudo (até àqueles horríveis banhos)!
 Dormia numa linda e fofa caminha e, afinal, a Sherazade até passou a ser minha amiga!
Como ela já era uma senhora gata e eu um cãozinho bebé acho que ela aprendeu a amar-me como se fosse o seu filhote que nunca tinha tido: brincávamos muito e os nossos donos (que estavam sempre atentos, não fosse ela dar-me um valente arranhão) nem cabiam em si de contente com aquele fenómeno.
 Um cão e uma gata amigos era coisa do outro mundo…pois como é sabido quando alguém se dá muito mal com outra pessoa é hábito dizer que “ são como o cão e o gato”!
Mas para exemplo dos Homens que muitas vezes são intolerantes, nós (eu e a minha amiga Shé), tornámo-nos inseparáveis!

                                       AMINHA PRIMEIRA VIAGEM DE CARRO

Veio um dia em que eu fui fazer a minha primeira viagem de carro!
Devo confessar que não gostei nada, mesmo nada, não sei explicar porquê mas sempre me apavoro quando tenho que ir viajar.
 Era verão e estava um maravilhoso dia de Sol.
A minha dona e uma amiga resolveram ir até à praia que ficava muito longe.
Pegaram em mim, meteram-me no carro e aí fomos nós…
Como eu era pequenino fui ao colo da amiga da minha dona, mas sempre cheio de medo…
Chegámos.
Não me lembro de muita coisa, mas há três episódios que nunca esqueci porque foram bem catitas para mim!
                               
                                                           Primeiro episódio             
                                IDA AO CASINO JOGAR NAS “SLOT MACHINE”

Sim, acreditem ou não, a verdade é que eu estive lá!
Eu sei que é proibida a entrada de animais num casino, mas eu estive mesmo lá dentro, a ouvir aquele barulhinho das moedas a tilintar no prato das máquinas!... (eu sei que atualmente já é tudo eletrónico e, por isso, já não usam moedas, mas naquele tempo era muito mais giro…).
Então mas como é que o Kenny conseguiu entrar se era proibido?!
 Aposto que esta é a pergunta que vocês estão a fazer!
Eu explico: como eu era mesmo muito pequenino a minha dona meteu-me dentro do seu saco de praia, deixou um bocadinho aberto para eu respirar e eu, nem sei explicar porquê, mas a verdade é que me portei muito bem: não ladrei, não chorei e nem fiz xixi!...

                                                          Segundo episódio
                                                      
                                                             IDA À PRAIA

Saímos do casino e já na rua a minha dona pôs-me uma linda trela vermelha e lá vou eu com a minha cauda levantada a dar a dar (um gesto que nós, os cães, costumamos fazer para demonstrar  que estamos  contentes, autoconfiantes), e  lá fomos em direção à praia.
Aí foi espetacular: espojei-me, esgravatei naquele areia fina, suja mas deliciosa…
À água não fui! Tenho sempre medo da água.
Por fim a minha dona limpou o meu pelo macio e branquinho (que naquele momento estava bem sujinho…) e fomos embora porque começou uma brisa fina, penetrante e desagradável.

                                                            Terceiro episódio
                                                  
                                                 PASSEIO PELA MARGINAL

Lá em cima, já afastado do mar, a marginal estava à nossa espera cheia de gente que passeava de um lado para o outro, de lá para cá, num vai e vem que eu não entendia…
Então comecei a ficar nervoso e a minha dona pegou-me ao colo, mas antes colocou-me dentro da   copa do seu chapéu de praia! As pessoas que passavam achavam-me graça por ser tão pequenino e metido no chapéu.
Alguns, os mais desinibidos, aproximavam-se e diziam:
  - “ Tão lindo! Parece um novelinho de lã”!
Que bom que foi aquele dia!

                                            marfer

Sem comentários:

Enviar um comentário